Fazenda da Lilica |
Lilica é o nome da menina que vocês vão conhecer agora. Não é a "Lilica Repelica", não. Ela é filha de um casal que tem mais duas crianças: o Leo com dez anos e a Leninha com oito. Formam uma família muito legal e moram na fazenda "Vivenda Feliz".
Quando Lilica nasceu, foi uma festa! Todos aguardavam a sua chegada com muita ansiedade.
No primeiro banho, a mamãe Tereza percebeu um detalhe diferente na barriguinha do recém chegado bebê. Havia uma pinta grande acima do seu umbigo com formato de estrela, uma estrela muito bem desenhada. Dona Tereza chamou a vovó pra ver aquele sinal. Seria Lilica uma criança diferente das outras? Ou não, aquele sinal seria como outro qualquer?
Nossa, as crianças cresceram e agora Lilica já tem seis aninhos e está uma menina graciosa, muito comunicativa, gosta de conversar com todo mundo e até com os bichinhos. É amiguinha de todas as crianças da fazenda. Ela é a "queridinha" de todos. Na fazenda moram muitas crianças, filhas dos colonos, os adultos que cuidam das plantações e de todos os trabalhos que vão surgindo por lá.
Lilica tem a pele morena clara, os cabelos compridos pretos que mais parecem uma noite eescura sem nenhuma estrelinha no céu; seus olhos são grandes e pretos feito duas jabuticabas grudadas no pé.
É a fã número um da "Hello Kit". Tudo seu é cor-de-rosa: os lacinhos que prendem e enfeitam seu cabelo, os aneis e pulseirinhas, e até as paredes do seu quarto são forradas de papel rosa com florzinhas espalhadas. É uma maravilha!
Lilica é apaixonada pelos animaizinhos. Tem uma poodle, a Cherry, branquinha que mais parece bola de algodão. São inseparáveis. Cherry entende tudo que a menina fala e é tão esperta e danada quanto Lilica.
Lilica é a criança mais destemida do "pedaço". Não tem medo de nada. Nem adianta quando alguma criança quer assustá-la. Ela não dá nem bola... Todos vão à escola num micro-ônibus que passa na fazenda pra pegá-las. Escondido dos pais, Lilica vai a pé todos os dias. Sabe por quê? Porque no caminho vai encontrando animaizinhos e muitos insetos; brinca e conversa com todos eles. Até parece que ela conhece a linguagem dos animais. Já encontrou um sapo a beira da lagoa. Esqueceu da vida. Ficou ali brincando distraída por muito tempo. O sapo gostou da menina e de suas brincadeiras: pulava na água e saía...Pulava e saía... E Lilica fingia que ia pular também , mas ela não podia molhar a roupa. Meu Deus, de repente se lembrou da vida. Saiu em disparada. Chegou atrasada às aulas. Levou bronca da professora.
Outro dia, encontrou um passarinho caído debaixo de uma árvore lá no pomar. Era um bem-te-vi, pois tinha as penas do peito bem amarelinhas. Ele piava um pio triste. Sua asinha direita estava ferida. Levou-o para casa, deu-lhe água e grãozinhos de arroz cru. Com muito cuidado e carinho alisou suas penas, pensando como faria um curativo, pois a avezinha estava sofrendo. De repente, como num passe de mágica, a avezinha parou com aquele pio triste, bateu as asas e saiu voando feliz e curada. Desapareceu por entre o arvoredo do pomar, mas Lilica continuou ouvindo por um certo tempo o pássaro cantando: "bem-te-vi...bem-te-vi".
A princípio, Lilica ficou apreensiva perguntando a si mesma:O que será que aconteceu? Algum milagre? Como o passarinho ficou sarado assim de repente? Não contou pra ninguém e com o tempo nem mais se lembrou daquilo. Criança esquece logo das coisas.
Dona Naná é a cozinheira da fazenda. Ela é muito querida por todos. É uma senhora calma, amorosa e de fala mansa. Todos adoram os quitutes deliciosos que só ela sabe preparar. Já faz parte da família. Trabalha com eles há mais de vinte anos e não tem mais ninguém neste mundo. Toda tarde, na hora do lanche, lá vem Dona Naná com uma surpresa de lamber os beiços: canjica, doce-de-leite, pé-de-moleque, arroz doce, bolo, cada bolo recheado! Uma gostosura só!
Lilica adora comer canjica, consegue comer até três potinhos bem cheios duma só vez. Será que Lilica é gulosa?
Ela é muito moleca; se diverte muito espantando as galinhas e morre de rir porque elas ficam assustadas correndo pra lá e pra cá cacarejando. O galo zangado, com as penas todas eriçadas em volta do pescoço como a juba do leão, tenta defendê-las; com as asas abertas corre atrás de Lilica, que bicá-la a todo custo. E olha que bicada de galo bravo doi pra valer!
Mamãe Tereza não gosta disso e conta que Lilica só se acomoda um pouco na hora de fazer suas lições. Ainda assim a mamãe tem que ficar de olho, senão a danada é capaz de escapar, pois qualquer barulhinho que escuta tira-lhe a concentração. Se for algum animalzinho que aparece, Lilica esquece de tudo. corre atrás até ele desaparecer no mato.
O pomar da fazenda é a algria da criançada. Sempre tem frutas maduras e fresquinhas. Você já viu uma jabuticabeira carregadinha de jabuticabas? É a coisa mais linda de se ver. Os galhos ficam pretinhos...pretinhos..., Uma frutinha grudadinha na outra.
Bem, outro fato surpreendente voltou a acontecer. Lilica estava sozinha no pomar debaixo de um pé de pitangas. Olhou pro alto e viu os galhos carregados de carambolas amarelinhas, no ponto pra comer. Correu até sua casa e trouxe uma cestinha. Queria enchê-la e fazer surpresa a todos. No momento em que chegou ao galho mais baixo, levantou a cestinha. Qual não foi seu espanto: a cestinha já estava tão cheia, mas tão cheia que até algumas pitangas caíram no chão.
Outra mágica? Mas quem estaria fazendo isso? Lilica pensou que alguma criança estivesse escondida lá no alto, no meio dos galhos, querendo assustá-la. Chamou bem alto, tornou a chamar e nada! Ninguém respondeu. Silêncio total. Ficou toda arrepiada e pensativa durante vários dias, mas não contou nada a ninguém. Depois se esqueceu daquilo.
Era o mês de julho. As crianças estavam de férias. Fazia muito frio. A noite estava linda e o céu cheínho de estrelas. A lua grande e inteira prateava tudo lá do alto. Já era bem tarde e todos já dormiam. O silêncio era total.
Lilica acordou ouvindo um som suave. Uma flauta tocava uma canção doce e harmoniosa. Lilica levantou devagarinho e pecebeu que a música vinha lá de fora. Na pontinha dos pés, pra não acordar ninguém, caminhou até a porta e virou a chave e a maçaneta bem devagarinho. A porta se abriu e um vento gelado tocou seu rosto. Uma luz muito forte e brilhante ofuscou sua visão. Um perfume delicioso e suave expandiu-se no ar, um perfume diferente dos perfumes de flor que ela já conhecia tão bem.
Uma melodia sublime...
Uma luz brilhante...
Um perfume doce...
De repente, no meio disso tudo, Lilica viu uma jovem dona de uma beleza que ela nunca vira antes.
A menina ficou paralisada. Tentou balbuciar algumas palavras, mas não saía nada. A voz ficara entalada na garganta.
__ Não tenha medo! disse a jovem. Eu sou sua fada madrinha. Você nasceu com a minha marca no corpo: "uma pinta em forma de estrela". Sei que já percebeu algumas coisas estranhas que lhe aconteceram. Você ficou espantada achando que era mágica. Sou eu que sempre estou pertinho para protegê-la. Não conte nada a ninguém. É um segredinho só nosso. Se você contar, eu terei que ir embora e nunca mais voltarei.
Aos poucos, a luz foi se apagando, o som da música sumiu e o perfume desapareceu do ar. E a fada também não estava mais lá. .
Lilica voltou rápido pro quarto, antes que alguém acordasse. Adormeceu profundamente.
No dia seguinte, quando acordou, estava com uma grande dúvida na cabeça: será qque tudo aquilo acontecera de verdade, ou fora apenas um sonho? Ficou na dúvida, mas decidiu que não contaria a ninguém.
E você, o que acha? A Lilica sonhou? Ou tudo aconteceu de verdade? Será que ela tem super poderes e uma "Fada Madrinha" que a protege?
Olha só as carambolas madurinhas!
Olha só a jabuticabeira!
pretinha...
pretinha...
vermelhinhas
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HIRIS LAZARIN