sábado, 11 de agosto de 2012

"Revelação"

                            "REVELAÇÃO"


              "Ele" chega de mansinho pra não assustar.  Chega decidido e até um tanto atrevido, pois não fora convidado.  Se faz presente e atuante.
             Carrega palheta de tintas com tantos nuances que causaria inveja ao mais célebre pintor, pois com certeza por mais que tentasse, jamais conseguira imprimir tanta beleza de cor em suas telas.
              Com o verde quase transparente ao verde-tormenta, "Ele" pincela tenros arbustos e folhagens emaranhadas e presas aos galhos retorcidos de árvores que nos fazem esticar o pescoço pra alcançar o seu topo.  E o pincel não para... Colore as flores e a água, que até então parecia parada e incolor, agora brilha num azul-sereno e desliza adaptando-se aos contornos das pedras que ladeiam o riacho, refletindo os galhos pendentes que lhe fornecem sombra.
              Sua luz invade tocas e ninhos.
              O colorido silencioso desperta.  Pios são ouvidos aqui e acolá.  Pios em tons e volumes diferentes.  De repente um pio mais grave e mais outro estridente.  Os sons vão se ajuntando e se misturando.  Sem partitura e sem maestro a sinfonia acontece.
               "Ele" agora é uma explosão de vitalidade e energia.  A sementinha indefesa aprisionada nas entranhas da terra ganha força.  Explode vitoriosa e se mostra ao mundo.  Frutos amadurecem e pipocam nos galhos, pássaros surgem aos montes, animais abandonam seus esconderijos e borboletas sugam as flores.
               Cor e beleza!
               Som e alegria!
               Vida!
                É o momento da grande revelação!
                Mas o tempo, mesmo sem pressa, passa feliz.
                O "SOL" boceja preguiçoso, se enfraquece e sai de cena, deixando no horizonte um rastro queimado de vermelho.