quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cabeça de criança

Era uma vez uma família super legal: mamãe Bete, papai Artur e Eu. Eu sou o Lucas e tenho quatro anos. A Leia também mora lá em casa e cuida de mim, porque meus pais trabalham. Bem, eu gostaria que a mamãe ficasse em casa, mas ela explicou direitinho porquê precisa trabalhar. Até deu pra entender.
A Leia sempre me leva pra brincar no parquinho que fica perto de casa. É um lugar bonito e bem cuidado. Tem muitos brinquedos divertidos, canteiros de flores e árvores bem altas; ficamos debaixo delas quando faz muito calor. É uma delícia...
Outro dia, o Tiaguinho, meu amigo, estava no balanço. De repente, quando olhei, levei aquele susto! Parecia que ele estava voando cada vez mais alto. BUUUMMM. Eu até tapei meus olhos. O Tiago, Naquele vai e vem, caiu lá do alto e se esborrachou. Foi uma gritaria só. Ainda bem que só raspou o joelho. É isso que dá ser desobediente e querer se mostrar. Ele se "achava".
Gosto muito de brincar no gira-gira de madeira pintado de branco, preto e vermelho. São as cores do time do meu pai. Ele já me levou no Morumbi. Foi uma loucura. Quando o São Paulo fez um gol, ele parecia uma criança, gritava mais que tudo e eu até achei que ele tinha perdido o juízo.
Minha maior aventura mesmo é no escorregador. A gente vem escorregando tão rápido que até parece carro de corrida. Cair naquele montão de areia é a maior delíciaaaaa. Escorrego tantas vezes, que nem dá pra contar e fico de "saco cheio", mas é cheio de areia, até dentro da orelha ela entra.
Outro dia, a Leia estava distraída e eu apanhei uma flor vermelha no jardim do parquinho. Eu queria dar pra minha mãe. Ela gosta muito de flor. A Léia chamou minha atenção e me ensinou o que é "coisa pública" e que devemos respeitar. Ela é muito sabida. Entendi tudinho, mas não consigo explicar. Explicar é complicado. Sabe eu pensava que meu pai apanhava flores lá, no nosso parquinho pra dar a mamãe.
Amanda é a minha melhor amiguinha. Vai sempre lá em casa brincar comigo. Às vezes, brigamos, a gente não se entende em algumas coisas. Meu pai diz qué é difícil entender as mulheres. Ela tem olhos azuis e o cabelo bem branquinho. Engraçado, a minha avó também tem olhos azuis e o cabelo branco. Será que a Amandinha já está ficando velhinha?
Vou mudar de conversa: comecei a perceber que minha mãe estava ficando diferente, barriguda igualzinha ao hipopótamo, Mas sabe o que está acontecendo? Dentro da barriga dela tem um bebezinho. Os dois me contaram que vou ganhar uma irmâzinha, a Eduarda. Escolhemos esse nome pra ela. Agora dou beijo e faço carinho na barriga da mamãe. Fiquei sabendo que a Duda (esse é o apelido dela) entende tudinho. Ihhhhh, lembrei de uma coisa: será que ela vai quebrar meus brinquedos? Ai dela se isso acontecer.
Ando pensando numas coisas e estou meio preocupado.
Será que a barriga dela vai crescendo...crescendo sem parar até explodir como balão de aniversário? Ou será que vai acontecer igual ao que aconteceu comigo outro dia. Eu me lembro que estávamos almoçando e, sem querer, engoli um pedaço grande de carne sem mastigar. A carne ficou entalada e comecei a passar mal. Papai me colocou no colo, deu umas palmadas nas minhas costas e o pedaço de carne deu um pulo, passou pela minha boca e caiu longe, igual rolha de bebida de gente grande. Pode ser, então, que o papai vai colocar a mamãe no colo, dar umas palmadas bem fortes nas suas costas e a Eduarda vai saltar pela sua boca. É melhor eu ficar por perto pra ajudar e não deixar o bebê cair no chão.
Bem, quando eu ficar sabendo como tudo vai acontecer, conto pra vocês, se vocês quiserem saber.

(cabeça de criança não é gaveta onde se guardam informações. É canteiro onde nascem perguntas)




Texto escrito por Hirtis
Atividade sugerida: criar um conto infantil

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HIRIS LAZARIN