sábado, 6 de novembro de 2010

Gelda querida - carta

                                    Gelda
                                                  Faz tanto tempo que não nos cruzamos.
        Cada uma de nós tomou rumo diferente depois daquela festa maravilhosa que aconteceu em sua casa. Hoje, estamos casadas e apesar de morarmos na mesma cidade, ficamos em pontos opostos. Afinal moramos numa cidade cosmopolita.
          Hoje levei meu filho Pedrinho pra escola. Ele tem seis anos e está no primeiro ano. Quando voltava pra casa, meu pensamento voou longe, bem longe. Sabe, "cara" vou confessar uma coisa: uma lágrima rolou no canto dos meus olhos. Lembrei-me de você e de nossos primeiros dias na escola, que resolvemos chamar de "Casa da Sabedoria". Você se lembra?
           Como nós duas aprontávamos!  Sabe "meu", sinto uma "baita" saudade da "prô" Anita, aquela das perninhas finas, parecendo a Olivia Palito. Era tão magrinha, a coitada, que as pernas já tremiam quando o céu escurecia anunciando ventania. Acho que ela temia ser arrastada pelo vento.
          E o "rango", então? Lembra da sopa que serviam? Parecia um angu empelotado! Nós duas, no primeiro dia, enchemos a boca, mas tanto...tanto... que nem conseguíamos empurrar "goela a baixo". Rimos feito duas hienas. A sopa espirrou pra todos os lados parecendo um chafariz. Como nossa molecagem não havia sido descoberta ainda, pegamos algumas pelotas de fubá e atiramos no teto do pátio, onde ficaram grudadas por um bom tempo.
          Que "tetra" armamos quando uma das bolotas resolveu cair na cabeça da "prô" Lurdinha. Ela usava um penteado esquisito. Mamãe falava que se chamava ninho. Bem, a bolota resolveu se encaixar bem dentro do ninho. Pra nós duas, era o passarinho que faltava lá. Foi aquele "fuzuê". Ela, assustada, gritava como louca, sem saber o que havia acontecido.Quando fomos descobertas, lá veio o castigo: ficamos vários dias sem brincar durante o recreio. Mesmo sentadas, não deixamos de fazer artes.
          Lembra "meu" o som que a gente curtia? Jovem Guarda "na cabeça". De tanto por e tirar o LP do conjunto "Renato e seus blue caps", naquela vitrolinha, o disco ficou todo arranhado. A agulha (imagine só: agulha) pulava que nem cabrito. Sua mãe, quando descobriu, queria nos "enforcar".
           Eta vidinha boa! Nada de preocupações, problemas... Só alegrias.
          Tô morrendo de saudade "docê".
          "Se liga", Gelda e vê se me manda notícias.
           Abraço carinhoso
                              Hirtis
                                                                    




(Texto sugerido: escrever uma carta bem humorada com linguagem jovem (gíria) a uma amiga falando de sua "estréia" na Escola.)
Texto criado por Hirtis

            
    


  

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HIRIS LAZARIN