Acomodada eu estou na velha cadeira de balanço herança de minha "bisa", na varanda rústica; penduradas no teto, samambaias de metro ostentam ramagens que quase alcalçam o chão e sem querer fazem "cosquinhas"no meu nariz . A paisagem que se descortina a frente
embala meus pensamentos e recordações.
O sol, até então imponente, vai se escondendo atrás de flocos de nuvens. Seus últimos raios projetam um amontoado de cores que se combinam, se articulam e desenham uma cortina colorida. A cortina fecha o dia.
Lá do meio do mato, as galinhas, papo estufado e satisfeito, retornam ao galinheiro. O galo "Furacão", com sua crista vermelho pimenta-malagueta, penas que se mesclam nas cores verde, azul e marrom, pescoço esticado, peito inflado, protege o seu batalhão. E orgulhoso comanda-as ao seu harém. Todas obedientes se acomodam no poleiro.O sol, até então imponente, vai se escondendo atrás de flocos de nuvens. Seus últimos raios projetam um amontoado de cores que se combinam, se articulam e desenham uma cortina colorida. A cortina fecha o dia.
Casais de pássaros retornam ao ninho, onde filhotinhos os aguardam desprotegidos e famintos. Outros, sem destino, procuram um galho acolhedor.
Sapos coaxam, a gente nunca sabe onde. Os grilos, miudinhos e sensíveis, esfregam as asinhas; é hora de encontrar sua fêmea, é hora de namorar.
Uma brisa mais que leve toca meu rosto e despenteia meus cabelos já brancos e ralos. Balança as folhas do castanheiro-da-índia e as flores vermelhas do flamboyant, plantados no caminho entre a varanda e o portão amarelo de madeira.
Folhas e flores já ressequidas pelo sol e pelo tempo se soltam dos galhos, perambulam por aí e encontram repouso no chão de grama verde.
A coruja barulhenta pia forte. Avisa que a noite chegou.
A lua aparece cheia.
O céu começa a piscar pra mim.
O perfume da noite... uma sonolência gostosa...O barulho do livro que despenca do meu colo...
Adormeço em paz.
Não acordo nunca mais.