segunda-feira, 3 de junho de 2013

Anoitecendo ..........

 
 
 
   Acomodada eu estou na velha cadeira de balanço herança de minha "bisa", na varanda rústica; penduradas no teto, samambaias de metro ostentam ramagens que quase alcalçam o chão e sem querer fazem "cosquinhas"no meu nariz . A paisagem que se descortina a frente
 embala meus pensamentos e recordações.
          O sol, até então imponente, vai se escondendo atrás de flocos de nuvens. Seus últimos raios projetam um amontoado de cores que se combinam, se articulam e desenham uma cortina colorida. A cortina fecha o dia.
           Lá do meio do mato, as galinhas, papo estufado e satisfeito, retornam ao galinheiro. O galo "Furacão", com sua crista vermelho pimenta-malagueta, penas que se mesclam nas cores verde, azul e marrom, pescoço esticado, peito inflado, protege o seu batalhão. E orgulhoso comanda-as ao seu harém. Todas obedientes se acomodam no poleiro.
           Casais de pássaros retornam ao ninho, onde filhotinhos os aguardam desprotegidos e famintos. Outros, sem destino, procuram um galho acolhedor.
            Sapos coaxam, a gente nunca sabe onde. Os grilos, miudinhos e sensíveis, esfregam as asinhas;  é hora de encontrar sua fêmea, é hora de namorar.
            Uma brisa mais que leve toca meu rosto e despenteia meus cabelos já brancos e ralos. Balança as folhas do castanheiro-da-índia e as flores vermelhas do flamboyant, plantados no caminho entre a varanda e o portão amarelo de madeira.
            Folhas e flores já ressequidas pelo sol e pelo tempo se soltam dos galhos, perambulam por aí e encontram repouso no chão de grama verde.
            A coruja barulhenta pia forte. Avisa que a noite chegou.
            A lua aparece cheia.
            O céu começa a piscar pra mim.
            O perfume da noite... uma sonolência gostosa...O barulho do livro que despenca do meu colo...
           Adormeço em paz.
           Não acordo nunca mais.